A evidência clínica confirmatória resultante de estudos em irmãos sugere que a intervenção precoce proporciona diversas oportunidades de melhorar os resultados dos pacientes por meio do controle específico da doença e do rápido início da TRE, se disponível.1-6
A TRE, de início precoce ou mais tardio, demonstrou melhorar os principais parâmetros clínicos, como medidas de resistência e pulmonares, que são essenciais para a qualidade de vida, a manutenção da deambulação e realização das atividades cotidianas.7,8
A nova era de tratamento para condições genéticas progressivas e complexas, como as MPS possuem, concentra-se na coordenação eficiente da equipe de tratamento de cada paciente no medical home [cuidados médicos centrados no paciente].1
Geneticistas e/ou especialistas em metabologia costumam estar no centro da equipe médica e ajudam a coordenar o tratamento multidisciplinar e um planejamento de tratamento individualizado.2,3
Uma vez que as manifestações otorrinolaringológicas são comuns em MPS —e frequentemente aparecem no início do curso da doença— o otorrinolaringologista exerce um papel essencial na equipe médica multidisciplinar.4,5
Muitas MPS possuem diretrizes disponíveis sobre o tratamento e recomendações consensuais específicas para cada especialidade referente ao tratamento da MPS ao longo da vida. No geral, essas diretrizes recomendam 3,7:
Como os sintomas otorrinolaringológico podem se manifestar com pouca idade, o otorrinolaringologista está em uma posição de destaque para iniciar o diagnóstico e encaminhar para confirmação por testes genéticos.5 Avaliações precoces e contínuas de uma equipe de tratamento coordenado podem melhorar os resultados dos pacientes e ajudar a prevenir danos irreversíveis.7
Por conta do acúmulo de glicosaminoglicano (GAG) no ouvido, os pacientes com MPS apresentam um risco elevado de otite média com derrame e otite média aguda.5,8 As considerações de tratamento incluem:
A obstrução da via aérea superior em pacientes com MPS pode oscilar desde graus variáveis de apneia do sono a emergências de ameaça à vida. As estratégias de tratamento para obstrução da via respiratória incluem5:
É importante observar que, embora manifestações e complicações otorrinolaringológicas sejam praticamente universais para os tipos de MPS, sinais e sintomas específicos podem diferir inter e intra distúrbios da MPS.5 O planejamento de tratamento individualizado deve ser adaptado às necessidades específicas, dependendo dos sintomas apresentados e do tipo de MPS.
Resumo das características gerais e otorrinolaringológicas das síndromes de MPS pode ser encontrado abaixo.
Adaptado de Yueng, Arch Otolaryngol Head Neck Surg, 2009.
A frequência das avaliações e o envolvimento de especialistas específicos variam entre os diferentes tipos de MPS. Para pacientes com doenças da MPS associadas a complicações cognitivas e neurodegenerativas primárias, como MPS I, II e III, recomendam-se avaliações neurocomportamentais e psiquiátricas adicionais e regulares.7,12,13
Além das avaliações específicas da especialidade que devem ser feitas para facilitar resultados positivos de longa duração para pacientes com MPS, medidas importantes podem ser tomadas pelo médico coordenador, geralmente o geneticista e/ou especialista em metabologia, em relação à saúde geral. Seu papel na educação de outros profissionais da saúde (ex.: dentistas, fisioterapeutas, pediatras, médicos de família) e famílias sobre a doença e as estratégias de tratamento geral é essencial e deve incluir o seguinte1:
Avaliações específicas por especialidade, bem como exames físicos de rotina e intervenções de saúde geral devem seguir as diretrizes recomendadas, que podem variar entre os subtipos de MPS.3
As melhoras no tratamento de distúrbios da MPS contribuem para resultados a longo prazo para pacientes, necessitando de novas abordagens para o tratamento vitalício.
À medida que os pacientes envelhecem, alguns podem começar a administrar seu tratamento, tornando crucial a orientação médica na transição para o contexto adulto.3 Os médicos devem assegurar:
A transição do tratamento pediátrico para o adulto e o tratamento adulto a longo prazo são áreas críticas a serem consideradas no planejamento do tratamento para pacientes adolescentes e adultos.3 As considerações do tratamento de longa duração são melhor abordadas em uma clínica com experiência considerável em MPS e requerem coordenação cuidadosa entre as diferentes especialidades.3,15 As questões a longo prazo incluem, mas não se limitam a:
O tratamento a longo prazo de distúrbios da MPS—incluindo avaliações contínuas e estratégia de transição do tratamento pediátrico para adulto específica do centro— pode levar à melhoria sustentada da qualidade de vida e a um futuro melhor para seus pacientes.3,11-13
Uma vez que as manifestações clínicas dos distúrbios da mucopolissacaridose (MPS) são multissistêmicas, é necessária uma abordagem multidisciplinar específica ao paciente para reconhecer e tratar as complicações de maneira proativa. Manifestações e complicações otorrinolaringológicas são quase universais entre os tipos de MPS.1
Os pacientes com distúrbios de MPS costumam passar por uma série de intervenções cirúrgicas ao longo da vida. Um estudo do curso natural que avaliou uma coorte de 325 pacientes com Morquio A (MPS IVA), constatou que mais de 70% deles tinham sido submetidos a pelo menos um procedimento cirúrgico.2
Pacientes com MPS apresentam alta taxa de mortalidade perioperatória devido a múltiplos fatores, incluindo obstrução das vias aéreas superiores e inferiores, instabilidade da coluna cervical, comprometimento respiratório, morbidades cardiovasculares e infecções frequentes.2-4 Por exemplo, complicações cirúrgicas resultaram em uma taxa de mortalidade de 11% em pacientes com Morquio A (n=27).5
Criar um planejamento cirúrgico é essencial e envolve uma equipe multidisciplinar de especialistas que, idealmente, possuem experiência no tratamento de pacientes com MPS.3
A preparação para o risco cirúrgico e anestésico em pacientes com MPS requer uma equipe de tratamento multidisciplinar e com experiência, composta por anestesiologista, cardiologista, pneumologista e otorrinolaringologista.3
Os fatores de risco anestésicos incluem os itens a seguir, destacados na figura abaixo.
A avaliação do risco cirúrgico e o monitoramento perioperatório são componentes fundamentais de um planejamento cirúrgico personalizado e podem reduzir os riscos de resultados cirúrgicos negativos e mortalidade em pacientes com MPS.3,9,10
A polissonografia é uma ferramenta útil para avaliar pacientes com MPS antes da cirurgia.1
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